quinta-feira, 17 de maio de 2018

ONU condena o massacre de palestinos feito por Israel - Jornal Hora do Povo

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Para EUA, Israel demonstrou “contenção” ao ferir 2771 e matar 60, incluindo bebês. Foto: AFP

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou a “matança indiscriminada” de civis palestinos desarmados em Gaza cometida por Israel, que passou de 60 em dois dias, inclusive um bebê de oito meses: “Parece que qualquer um pode ser assassinado ou ferido; mulheres, crianças, repórteres, pessoal médico, se eles se aproximarem mais de 700 metros da cerca. Eles atiraram em um amputado duplo. Qual é a ameaça de um amputado?”, afirmou o porta-voz, Rupert Colville, na sede, em Genebra.

“O uso de força letal deve ser o último recurso, não o primeiro, e deve responder a uma ameaça à vida. A tentativa de pular ou danificar uma cerca, ou lançar coquetéis molotov não é claramente uma ameaça de morte”, ressaltou o porta-voz da ONU. Ele acrescentou que “não é aceitável dizer que ‘isso é o Hamas e portanto isto está OK”.

O massacre, cometido em meio à celebração da inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém em violação da lei internacional, isolou Israel de uma forma sem precedentes. Já a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Halley, declarou que “nenhum país teria agido com tanta contenção quanto fez Israel”.

Esdrúxula tese repelida prontamente pelo relator especial da ONU sobre os Direitos Humanos na Palestina ocupada, Michael Lynk, que considerou o fato um “crime de guerra”. “Este uso flagrante de força excessiva por Israel – um olho por um fio de pestana – tem de terminar, e o comando político e militar que ordenou ou permitiu essa força precisa ser imputado”.

Na terça-feira, o povo palestino atendeu à convocação da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), de greve geral, com atos de protesto na margem ocidental e em Gaza. Sob enorme comoção, as famílias enterraram os mártires da nova investida de Netanyahu, inclusive a bebê Leila Anwar Al Ghandour, de oito meses.

Os números do massacre são estarrecedores: 60 civis palestinos mortos em um só dia – sete são crianças -, 107 mortos desde o início dos protestos em 31 de março e 11 mil feridos. Há 130 civis em estado grave do assalto desta segunda-feira e quase 3 mil feridos superlotam os hospitais. As balas dos franco-atiradores israelenses, que causam uma pequena ferida na entrada, deixam um buraco do tamanho de um punho na saída. Ossos são pulverizados.

Como disse o pai de um mártir dessa véspera da Nakba – Dia da Catástrofe, do início da limpeza étnica na Palestina que criou 5 milhões de refugiados – (veja matéria), a questão palestina estava ultimamente “deixada de lado” mas agora “voltou à linha de frente”. O massacre impiedoso de civis desarmados, em paralelo com a inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém, com presença da filha e genro de Trump, traduziu instantaneamente, para o planeta inteiro, o que é o apartheid israelense na Terra Santa.

CHAMPAGNE E APARTHEID

Até a CNN percebeu: “nos canais de notícias da TV, imagens de Gaza apresentadas ao lado da cerimônia de inauguração da embaixada em Jerusalém, formavam uma chocante justaposição de protestos contra aplausos, gritos contra discursos, e indignação contra celebração”. Champagne e apartheid, de um lado, massacre de civis palestinos desarmados, de outro. É “a foto do ano”, admitiu um ministro de Theresa May.

O isolamento de Israel alcançou um patamar sem precedentes. A África do Sul chamou de volta seu embaixador. O nível de psicopatia atingido por diplomatas israelenses na defesa do morticínio forçou líderes ocidentais a expressarem sua inconformidade. O chanceler belga, Didier Reynders, precisou chamar a embaixadora de Israel, Simona Frankel, após esta dizer que os palestinos que foram mortos no dia 14 eram “terroristas, 55 terroristas”. “Estou chocado”, confessou o primeiro-ministro belga, Charles Michel.

Com todas as televisões dando 60 palestinos mortos e quase 3 mil feridos em Gaza pelas balas e gás israelense, outro débil-mental, o embaixador de Tel Aviv em Londres, Mark Regev, asseverou em entrevista que o uso da força por Israel foi “comedido” e “cirúrgico”. Já para o ladrão de terras palestinas, Danny Danon, que atualmente dá plantão na ONU, os violentos são os palestinos, “Israel só se defende”.

A pedido do Kuwait, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu em caráter de emergência mas, com Trump de cão de guarda do apartheid israelense, não chegou a ser aprovada a proposta de criar uma comissão de investigação do massacre de Gaza.

SERGEI  LAVROV

O ministro de Assuntos Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, expressou na quarta-feira (16) estar  “profundamente alarmado” pela selvagem repressão aos protestos do povo palestino pelas forças israelenses. “Não posso aceitar que dezenas de civis, incluídas crianças, bebês, que foram assassinados na Faixa de Gaza, sejam terroristas. Considero que esta é uma declaração blasfema, que está desenhada para se distanciar de um diálogo honesto e sério”, afirmou.

O governo da China reiterou que condena “o uso da violência contra civis” e pediu “contenção”. Segundo o porta-voz da chancelaria, Lu Kang, Pequim apoia “a causa justa do povo palestino para restaurar seus legítimos direitos nacionais e o estabelecimento de um Estado da Palestina totalmente soberano e independente, nas fronteiras de 1967 e Jerusalém Oriental como capital”.

A premiê inglesa Theresa May se declarou “profundamente perturbada” pelo “uso de munição real por Israel e pela escala da violência”. A França condenou o massacre e a transferência de embaixada para Jerusalém, assinalando que o status da cidade só pode ser determinado entre as partes, sob os auspícios da comunidade internacional.

Até o contestado presidente turco, Recip Erdogan, pegou de jeito o chefe do massacre, Netanyahu: “é o primeiro-ministro de um Estado de apartheid, que tem ocupado há mais de 60 anos um povo indefeso em violação das resoluções da ONU, e tem sangue palestino em suas mãos”. “Quer uma lição de humanismo? Leia os 10 Mandamentos”.

ANTONIO PIMENTA

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